Resurfacing - a guerra de Andy Murray.

Com algum atraso resolvi assistir ao documentário "Andy Murray's Resurfacing". Que filme! Gostaria de compartilhar aqui algumas reflexões interessantes para quem tem dor no quadril e mais ainda, para quem trata de pessoas com este tipo de problema:

1- Ele sofria de desgaste no quadril. Ao longo dos anos, enfrentou dores que eventualmente começaram a afetar seu desempenho. A progressão da artrose é gradual. No início, a dor é tolerável, mas com o tempo, torna-se mais frequente e intensa. Muitos interrompem algumas atividades físicas e, é exatamente aqui que a qualidade de vida começa a diminuir.

2- Murray é um atleta de elite e dedicou-se intensamente ao tratamento. É impressionante testemunhar sua determinação. Como ele menciona, sempre cumpria suas tarefas. Essa dedicação abnegada contribuiu para sustentar sua performance. A fisioterapia tem um papel crucial e deve ser conduzida por pessoas experientes nestas lesões.

3- Ele explorou vários tratamentos. Embora essas abordagens tenham proporcionado alívio temporário, seus efeitos foram limitados e de curta duração. É válido questionar até que ponto Murray estava ciente da gravidade de seu quadro nesse período. Sua frustração com os resultados que obtinha sugere uma discrepância nas suas expectativas. Ou é apenas o reflexo natural de um atleta que não consegue mais competir em alto nível?

4- Em certo ponto, Murray passa por uma cirurgia por vídeo. Após um ano de reabilitação, ele ainda enfrenta limitações. A artroscopia é uma técnica moderna e efetiva. Entretanto, a artrose limita os seus resultados. Murray não fica satisfeito, talvez por ter sido apenas mais uma tentativa de adiar a substituição do quadril ou, novamente, por uma questão de expectativas não atendidas.

5- A decisão. Pra mim, esta é a parte mais comovente do documentário. Apesar de ser um atleta de elite, como qualquer ser humano, Murray sente e compartilha seus medos, dúvidas e preocupações sobre a cirurgia. Vejo diariamente este conflito interno em meu consultório. Cada indivíduo tem seu próprio tempo; é fundamental respeitarmos este processo.

6- A escolha. O título do documentário traz à tona uma polêmica. "Resurfacing" pode ser interpretado como um ressurgimento, mas também se refere ao implante escolhido para Murray. Sem entrar em detalhes técnicos, é importante mencionar que esse implante está praticamente em desuso, devido a problemas que acarretaram taxas de falha mais altas do que o esperado.

7- Reabilitação. Murray alcança o sucesso em sua jornada, embora haja preocupações sobre a durabilidade de seu implante.

E então, você já assistiu? O que achou?